17 de ago. de 2009

DOR NA RELAÇÃO SEXUAL


A dor na relação sexual, muito comum e com conseqüências sérias no casal principalmente na esfera da sexualidade feminina, pode ter causas anatômicas, psicológicas ou ambas e as vezes é de difícil tratamento.

Temos:
1) VAGINISMO (dor na penetração vaginal)
2)DISPAREUNIA (dor na relação sexual)

Apesar de atualmente os preconceitos sexuais estarem sendo superados existem muitas mulheres que ainda atribuem ao ato sexual o sentido de uma verdadeira briga de poder em que tomam parte o homem e a mulher. Elas o consideram como parte de um processo de violentação, em que seriam penetradas pelo homem de uma maneira dolorosa e ameaçadora. Outras mulheres têm ciência de que o coito também pode proporcionar prazer, porém continuam alimentando a fantasia de que seus órgãos genitais ficarão traumatizados e inflamados a ponto de não poder andar no dia seguinte.

A idéia de dor é geralmente ligada a primeira relação, porque a iniciação feminina se reveste de significados biológicos, psicológicos e sociais diferentes daqueles da primeira vez para o homem. A primeira relação para a mulher se transforma em um acontecimento marcante e algumas vezes até brutal, diferente do homem em que a primeira relação é uma continuidade de suas experiências eróticas.

Na complexa reação vaginal que a mulher apresenta no coito, interferem não apenas várias estruturas anatômicas como também todas as suas experiências emocionais, como por exemplo, incidentes ocorridos na infância ou na juventude que podem despertar nela uma profunda resistência ao envolvimento sensual. Outros fatores como uma educação severa, ensinamentos religiosos e a indevida valorização cultural da virgindade, entre outros, podem ter reflexos negativos no momento do coito: a ansiedade; angustia que impede a mulher de relaxar, se excitar e sofrer as mudanças fisiológicas e anatômicas normais que facilitem a penetração do pênis. Estas considerações anteriores são importantes para se entender melhor as causas do vaginismo e da dispareunia e seu tratamento.

VAGINISMO

Vaginismo é a dor na penetração do pênis provocada por uma contratura muscular espasmódica que impede ou dificulta a penetração vaginal. Geralmente é uma alteração psicossomática causada por distúrbio de fundo emocional que se exterioriza em modificação corporal. Essa contração muscular, involuntária e não percebida pela mulher, é conseqüência de uma acentuada ansiedade em relação à penetração vaginal. Essa ansiedade resulta, na maior parte das vezes, da falta de informação precisa sobre os órgãos genitais masculino e feminina.
Além da educação rígida,incidentes traumáticos como defloração seguida de sangramento intenso, e tentativas de estupro, podem causar vaginismo.
Como a mulher não consegue relaxar a musculatura há um estreitamento vaginal bastante pronunciado e em conseqüência ela sente dor em queimação durante as tentativas de penetração. Este sintoma pode se repetir ao ser examinada pelo ginecologista. É uma reação de defesa, instintiva.

EM CONDIÇÕES NORMAIS A PENETRAÇÃO VAGINAL É UMA OCORRÊNCIA TOTALMENTE INDOLOR.

A mulher que sofre de vaginismo em geral desconhece por completo a anatomia de seus órgãos genitais. Aprender a identificar e examinar seu corpo é uma etapa importante para a solução dessa dificuldade sexual. Esse tipo de terapia ajuda a desmistificar medos irracionais e fantasias distorcidas sobre os órgãos genitais.
A informação é a melhor terapia para o vaginismo. A participação do marido em todas as etapas do tratamento é essencial, pois além de reduzir a duração do mesmo também ajuda o casal a desenvolver um relacionamento sexual melhor e a esclarecer seus problemas interpessoais.
A terapia sexual que combina a dessembilização em nível da vagina com a orientação conjunta do casal é a que reúne melhores condições para superar o vaginismo.

DISPAREUNIA

Refere-se a dor que algumas mulheres sentem durante a relação sexual. Também pode atingir os homens no coito ou após o mesmo. Vai desde uma irritação até dor intensa.

Pode ser causada por:
a) alterações anatômicas dos órgãos genitais como aderências pós cirurgias abdominais, inflamações vaginais e ou penianas, etc.
b) por fatores psicológicos (falta de interesse pelo coito, ausência de envolvimento afetivo com o aparelho sexual, temores quanto ao desempenho sexual, etc.).

A maior conseqüência destes fatores anatômicos ou psicológicos é a ausência ou a pouca lubrificação vaginal, que dificulta ou provoca dor no coito.
É muito importante citar que as mulheres após a menopausa têm uma menor lubrificação pelo processo gradual de atrofia da mucosa vaginal, o que pode levar à dor na relação sexual.

A ausência de lubrificação vaginal em conseqüência de penetração, ou seja, antes da mulher atingir nível adequado de excitação, é a causa mais comum de dispareunia; também sem esta excitação as modificações vaginais necessárias para a penetração peniana não ocorrem e que podem provocar a dor. As infecções vaginais que provocam corrimentos, ardor, prurido, irritação também podem determinar a dor sentida durante o coito.O uso de lavagens vaginais internas após o coito para manter a higiene local, pode mudar o PH vaginal favorecendo infecções genitais ( deve ser evitada ). O simples expediente de lavar os órgãos genitais com água e sabonete é tudo o que se faz necessário para garantir o escoamento de secreções após o coito e para evitar odores desagradáveis.

Outras causas comuns são aquelas que alteram o PH vaginal favorecendo as infecções como :
1- uso contínuo de pílulas anticoncepcionais
2- diabetes
3- ingestão de corticóides
4- alergia a preservativos, diafragmas, cremes, geléias espermaticidas e ao desodorante íntimo
5- Cicatrizes endurecidas em região genital por partos e ou cirurgias ginecológicas ou plásticas, etc.

São também importantes as causas psicológicas. A dor se torna um pretexto, consciente ou inconsciente, para evitar o coito com determinados parceiros ou em ocasiões em que elas não se sentem motivadas para a atividade sexual.
A dispareunia freqüentemente dificulta ou impede que a mulher chegue ao orgasmo.

O TRATAMENTO MÉDICO TANTO DO VAGINISMO QUANTO A DISPAREUNIA TEM GRANDE SUCESSO QUANDO OS PARCEIROS SEXUAIS SE COMPROMETEM A SEGUIR AS RECOMENDAÇÕES MÉDICAS E PSICOLÓGICAS E ESTÃO DE CABEÇA ABERTA PARA MUDANÇAS NO SEU RELACIONAMENTO CONJUGAL, DIMINUINDO SUAS ANSIEDADES E TEMORES PARA MANTER UM EQUILÍBRIO SEXUAL CONTÍNUO E PRAZEIROSO.

Dr. Celso Marzano
Urologista e Terapeuta Sexual.

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